Análise Crítica: Por que ateus possuem maior QI?

Antes, leiam um post anterior sobre a crítica ao teste de QI: Testes de QI medem a motivação, não somente a inteligência

Ateus possuem maiores pontuações em testes de QI que pessoas religiosas, de acordo com pesquisas. Mas isso significa que as pessoas aceitam crenças religiosas porque são burras? Não necessariamente.

Ateus provavelmente são mais inteligentes que pessoas religiosas porque se beneficiam de muitas condições sociais que estão correlacionadas com a perda da crença religiosa. Quando alguém observa esse fenômeno numa comparação entre países não é difícil entender as possíveis razões do por que países com maiores níveis de QI possuem mais ateus, e que estados dos EUA com maiores pontuações também possuem um maior nível de não crentes.

Países altamente religiosos:

  • São mais pobres
  • São menos urbanizados
  • Possuem baixos níveis educacionais
  • Possuem menor exposição à mídia eletrônica, a qual altera a pontuação
  • Experimentam grande carga de doenças infecciosas que prejudicam a função cerebral
  • Possuem mais nascimentos com bebês abaixo do peso
  • Possuem piores níveis nutricionais em crianças
  • Há menor esforço em controlar os poluentes ambientais, os quais reduzem a pontuação

Dado que cada um desses fatores são causas reconhecidas de baixas pontuações no QI, há um pequeno enigma sobre o por que dos países religiosos possuírem menores pontuações. É claro, os mesmos fenômenos são relevantes em comparações dentro de um mesmo país, embora dentro das diferenças regionais internas esses fatores são geralmente menores. Até mesmo os indivíduos mais saudáveis de um determinado país têm uma qualidade de vida melhor que os mais pobres, desenvolvendo maiores pontuações no QI e maior ceticismo religioso.

Pesquisas recentes concluíram que parte do motivo das pessoas nos estados menos religiosos dos EUA possuírem maiores QIs é devido à melhor educação. De acordo com os autores: “A educação aumenta o pensamento racional, fornece às pessoas mecanismos racionais, não místicos, para o entendimento do mundo. Em resumo, a educação fornece às pessoas a oportunidade de seguir uma alternativa racional ao dogma religioso.”

Esse argumento é razoável, mas gravemente incompleto. Existem muito mais ateus na Europa que nos EUA, e isso não se deve à maior esperteza dos europeus ou à sua melhor educação.

Para uma explicação mais inflamada, duvido que a religião cause estupidez, pois algumas das pessoas mais brilhantes da história, tais como Isaac Newton, eram muito religiosas, assim como muitos de seus contemporâneos.

Se a inteligência provoca uma rejeição da religião é algo mais complexo. É plausível que pessoas mais inteligentes possam ter algum problema em aceitar algumas das improváveis crenças impostas pela sua igreja. Ainda mais, a ciência moderna oferece explicações para os fenômenos que eram previamente explicado única e exclusivamente em termos religiosos, e pessoas mais inteligentes podem preferir a versão científica.

Em resumo, discutir a correlação entre QI e religiosidade sem levar em conta os fatores relevantes subjacentes é um jogo de dados. Isso lembra os longos e cansativos debates sobre a correlação entre as pontuações no QI e a cor da pele, o que levou muitas pessoas à euforia, mas que se provou cientificamente falho.

A questão realmente interessante escondida em tudo isso é por que o ateísmo aparece unicamente nessas condições contemporâneas nos países desenvolvidos. Joguei esssa questão anteriormente que correu toda a internet. O fundamento disso é que a religião ajuda as pessoas a enfrentarem o terror da incerteza em suas vidas. Nos estados modernos, as pessoas são mais satisfeitas, logo há um menor mercado para a religião. A consequência inevitável de tudo isso é que a religião irá declinar à medida que a prosperidade humana avançar.

Nigel Barber é Psicobiólogo

Fonte: http://www.huffingtonpost.com/nigel-barber/why-atheists-have-higher-_b_853414.html

Sobre Gabriel Bassi

Natural de São Paulo, Capital. Formado em Fisioterapia pela USP de Ribeirão Preto, faz mestrado em Psicobiologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP). Faz pesquisas nas áreas de neurologia, imunologia e comportamento animal. Tem interesses (extra-acadêmicos) em pesquisas sobre a evolução cultural, econômica e social de distintos aspectos da religião e da religiosidade nas sociedades.

Publicado em 23/09/2011, em ateísmo, moralidade, racionalismo, Religião. Adicione o link aos favoritos. 2 Comentários.

  1. Hum…países altamente religiosos são mais pobres. Estados Unidos e seu ‘Grande despertar’…Japão e sua simbologia de salamaleques transcendentais até no preparo do sushi!
    Bons argumentos.

  2. Os comments contra só validam mais e mais o sair do armario ,valeu ai pelo post Gabriel Bassi,as caravanas ladram e o os cães passam…..